2022
2022
Marco Da Silva Ferreira
Julia Burnhams, Katleho Lekhula, Monicca Magoro, Lungile Mahlangu, Tshepo
Mohlabane, Kgadi Motsoane, Thato Qofela et Abel Vilakazi
Jonathan Uliel Saldanha
Cárin Geada
Dark Dindie
Alexander Farmer
Buru Mohlabane et Steven Faleni (Via Katlehong)
Damien Valette
Louise Bailly
Via Katlehong Dance, Damien Valette Prod
Chaillot Théâtre National de la Danse, Théâtre de la Ville - Paris, Maison de la
Danse - Lyon, Festival DDD - Teatro Municipal do Porto, Le Grand T – Théâtre de Loire Atlantique, Créteil - Maison des Arts, Festival d’Avignon, Espace 1789 – Scène conventionnée danse de Saint- Ouen
Merci à la ville d'Ekurhuleni : Département du sport, desloisirs, des arts et de la culture
Ao definir algumas linhas orientadoras do trabalho com Via Kathleong, foi inevitável revisitar aos arquivos das anteriores criações. Era importante compreender o que terá motivado este convite e também de que forma é que o repertório que tenho criado podia ele também definir esta colaboração.Por nunca ter visitado a África do Sul e por não conhecer em Portugal comunidades da África do Sul este encontro tornou-se menos possível de delinear e de ser criada uma narrativa aglutinadora.A minha formação como bailarino e artista baseou-se desde cedo em danças com origem afro-americanas (Popping, New Style, Krump, House Dance, etc) e também kuduro, estilo oriundo de Angola. E apesar de nos últimos anos a pesquisa se focar bastante em elementos do clubbing, continua relacionada com o sentido/significado da dança que existe em contexto social, ou na construção de identidade colectiva através da dança.
A companhia Via Kathleong tem como técnica base o isipantsula- termo que derivou do ZULU e que significa "andar ou mover com nádegas protuberantes".
Em 2015 quando construía BROTHER, aterrámos numa composição coreográfica bastante articulada, de pequena amplitude e rápida. Decidimos na altura denominar a essa secção da pesquisa “os esqueletos”. Compus, então uma secção coreográfica onde era possivel imaginar aqueles corpos apenas com o seu esqueleto, a dançar e a construirem
formas ossudas e angulares. Se por um lado a ideia era macabra, por outro era potenciadora da metáfora de um corpo que é objecto antropológico e que carrega consigo as memórias do passado.
Estas ideias têm-me acompanhado nos últimos meses. Tenho cada vez mais vontade de reactivar estacomposição fantasiosa/fantasmagórica e de a fazer dialogar com a Via Kathleong. Isipantsula, kuduro, house dance, top rock parecem
unidos por um esquema de corpo que está constantemente a quebrar e remontar-se. Que vive de uma energia colectiva que os organiza, os cataboliza e indisciplina. Os corpos desarticulados e vivazes são mais do que formas dolorosas, são formas que têm na contorção a rebeldia do anti-herói.